Entre os mestres dos quais pude absorver lições, o Professor Hermógenes é aquele de cabeceira. Suas palavras em PDFs não me bastam. Preciso dos livros, rabiscados, sublinhados, marcados pelo intenso desejo de mudar a mim mesma, aplicando-as no dia a dia.
Alguns trechos funcionam como mantra em busca da profunda paz interior.
Um deles está no livro “Yoga para nervosos”. E ensina que falarmos com pesar e tristeza da desilusão é um dos mais graves erros que podemos cometer ao longo da vida. Afinal, na etimologia da palavra, desilusão é apenas deixar de estar iludido.
E quando foi que concebemos a ideia de que a ilusão é positiva?
Estar iludido – e gostar disso – requer a aceitação de que não se enxerga a vida direito. Iludido é aquele que vive em estado permanente de criação, e vivência dentro dessa criação, longe da realidade.
A ilusão anda de mão dada com a ansiedade. Que convida a frustração à entrar. E que não satisfeita, abre espaço para depressão. Enquanto criamos, vamos nos distanciando do real, do efêmero que é a vida. A única certeza é de que não a controlamos de forma alguma.
Faça planos, mas aceite quando forem por água abaixo. Não lute contra a natureza da vida. As pessoas e as situações mudam, a morte um dia chega, daqui um ano poucos lembrarão do que os aflige hoje.
A desilusão do controle é uma benção em forma de cachoeira. Entrar de cabeça nela é uma das maneiras mais eficientes de lavar a alma, o corpo e o coração. Mas para permitir-se tal limpeza, é necessário antes o choque térmico da água gelada, o equilíbrio sobre as pedras escorregadias e a confiança de que desconstruir conceitos nos eleva.
A cachoeira está logo ali, no seu silêncio.
Enquanto muitos desviam, te convido a entrar!
Texto: Priscila Ruzzante